segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sonho de uma vida real (Retalhos de uma infância)

Depois de um dia normal, Osvaldo se joga na cama. Olhando para o céu de sua janela aberta que fica bem ao lado da cama, todas as lembranças de seu dia chegam e se vão, como uma locomotiva. Sem muito esforço, cai no sono. É ai que começa a “sua realidade”.

            Osvaldo acorda, levanta logo e sai de casa para mais uma aventura - que nunca seria pior do que a anterior ou melhor do que a próxima. Mas que com certeza mudaria de alguma forma o modo com enxerga as coisas fora e dentro de sua cabeça.

A primeira tarefa do dia é passar naquele orfanato da Vila Y. Tudo isso pensando em levar um pouco de super-alegria aquelas crianças. E foi o que fez. Com o seu uniforme de pijama de listras e capa cor de abóbora com desenhos quadriculados pulou pela janela e num voo tranquilo chegou ao orfanato em 10 minutos, carregando uma tonelada de alimentos não perecíveis nas mãos e alguns brinquedos. Ao aterrissar, crianças e mais crianças chegaram para abraçá-lo.

Nessa manhã ensolarada, conheceu um pequeno menino de cabelos escuros encaracolados, com sorriso triste mas com uma baita esperança nos olhos. Esperança esta que era o reflexo da imagem de Osvaldo.

- E ai, qual é o seu nome? Disse Osvaldo.
- Prefiro não dizer o meu, tio. Mas o seu, pela camiseta, é o tio “O”. Disse sorrindo.
- É isso ai! Vamos jogar bola com o resto dos meninos?
- Vamos!

Entre gols e intervalos, Osvaldo foi conhecendo profundamente o menino e confirmando sua tese de que nada é estático. Com um pouco de ajuda todo ser pode se tornar mais humano. Apenas teve que contribuir com a sua super-audição e a super-alegria.

Após passar algumas horas no orfanato, sua próxima tarefa do dia era ir a cidade K. para ajudar na construção de casas. Lá Osvaldo não conhecia as pessoas que iencontraria, mais isso o instigava mais e mais enquanto se deslocava ao seu destino.

            Com outro voo também tranquilo de 40 minutos chegou ao destino, disposto a ajudá-los com a sua super-força e super-rapidez. Em poucos minutos construiu com os locais as casas e aproveitou o tempo restante para conversar com alguns. Ficou impressionado com a história da menina B. Ela nunca teve uma casa, a não ser aquela esquina logo ao lado. Se comoveu com a menina e mais uma vez teve a certeza de que estava no caminho certo.

            Foi então que seu estomago começou a reclamar...estava com fome. Parou em uma lanchonete para comer uma comida saudável e ao sair se deparou com um mendigo, maltrapilho, sujo da cabeça aos pés, sentado no chão e implorando por algo. Sem falar uma palavra se quer, Osvaldo conseguiu captar em alguns segundo o que os olhos do homem queriam dizer. O que ele implorava não era comida, nem dinheiro, nem roupas, uma casa e muito menos um banho...ele implorava por algo maior, por algo que lhe daria tudo isso e mais um pouco...ele implorava  por igualdade de oportunidade, de condições de iniciar a sua vida de um ponto de partida. Na verdade era a mesma súplica das outras pessoas que teve a oportunidade de encontrar durante o dia.

Neste exato momento Osvaldo chegou a conclusão de que poderia mudar a situação específica deste mendigo, das pessoas da cidade K. e do orfanato, mas não poderia modificar a situação de todos os demais. Para se alterar toda a situação, precisaria de um exército de super-heróis.

O despertador toca alto e num susto Osvaldo acorda. Ainda deitado na cama relembra exatamente todo o sonho que teve, tentando solucionar o problema que lhe foi apresentado. Entretanto, agora que estava acordado, todos os seus medos, preconceitos, egoísmos, preguiça o impediam de prosseguir...............afinal, apenas os sonhos não tem fronteiras!......................?         


Luís Augusto Bernini
(06.12.2010)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Diferenças (poemas)

Cores diversas
não fazem diferença.
Nas minhas certezas,
discordo das crenças.

Aquela cor
é como a dor.
Sente quem a tem,
tem quem a sente.

Em cada mente,
uma dor.
Em cada mente,
uma cor.

Seja como for,
sinta a outra dor,
veja a outra cor.


Luís Augusto Bernini
(07.2004)

Amigo do norte (poemas)

Amigo do norte,
após sua morte
está em todo lugar
para me ajudar.

Amigo do norte,
que em vida faltaste
para mostrar a sua arte,
não soube lidar.

Amigo do norte,
sigo suas pegadas,
que foram deixadas
no solo da minha sorte.

A luz do meu forte,
meu amigo do norte.

Luís Augusto Bernini
(25.12.2003)