Depois de um dia normal, Osvaldo se joga na cama. Olhando para o céu de sua janela aberta que fica bem ao lado da cama, todas as lembranças de seu dia chegam e se vão, como uma locomotiva. Sem muito esforço, cai no sono. É ai que começa a “sua realidade”.
Osvaldo acorda, levanta logo e sai de casa para mais uma aventura - que nunca seria pior do que a anterior ou melhor do que a próxima. Mas que com certeza mudaria de alguma forma o modo com enxerga as coisas fora e dentro de sua cabeça.
A primeira tarefa do dia é passar naquele orfanato da Vila Y. Tudo isso pensando em levar um pouco de super-alegria aquelas crianças. E foi o que fez. Com o seu uniforme de pijama de listras e capa cor de abóbora com desenhos quadriculados pulou pela janela e num voo tranquilo chegou ao orfanato em 10 minutos, carregando uma tonelada de alimentos não perecíveis nas mãos e alguns brinquedos. Ao aterrissar, crianças e mais crianças chegaram para abraçá-lo.
Nessa manhã ensolarada, conheceu um pequeno menino de cabelos escuros encaracolados, com sorriso triste mas com uma baita esperança nos olhos. Esperança esta que era o reflexo da imagem de Osvaldo.
- E ai, qual é o seu nome? Disse Osvaldo.
- Prefiro não dizer o meu, tio. Mas o seu, pela camiseta, é o tio “O”. Disse sorrindo.
- É isso ai! Vamos jogar bola com o resto dos meninos?
- Vamos!
Entre gols e intervalos, Osvaldo foi conhecendo profundamente o menino e confirmando sua tese de que nada é estático. Com um pouco de ajuda todo ser pode se tornar mais humano. Apenas teve que contribuir com a sua super-audição e a super-alegria.
Após passar algumas horas no orfanato, sua próxima tarefa do dia era ir a cidade K. para ajudar na construção de casas. Lá Osvaldo não conhecia as pessoas que iencontraria, mais isso o instigava mais e mais enquanto se deslocava ao seu destino.
Com outro voo também tranquilo de 40 minutos chegou ao destino, disposto a ajudá-los com a sua super-força e super-rapidez. Em poucos minutos construiu com os locais as casas e aproveitou o tempo restante para conversar com alguns. Ficou impressionado com a história da menina B. Ela nunca teve uma casa, a não ser aquela esquina logo ao lado. Se comoveu com a menina e mais uma vez teve a certeza de que estava no caminho certo.
Foi então que seu estomago começou a reclamar...estava com fome. Parou em uma lanchonete para comer uma comida saudável e ao sair se deparou com um mendigo, maltrapilho, sujo da cabeça aos pés, sentado no chão e implorando por algo. Sem falar uma palavra se quer, Osvaldo conseguiu captar em alguns segundo o que os olhos do homem queriam dizer. O que ele implorava não era comida, nem dinheiro, nem roupas, uma casa e muito menos um banho...ele implorava por algo maior, por algo que lhe daria tudo isso e mais um pouco...ele implorava por igualdade de oportunidade, de condições de iniciar a sua vida de um ponto de partida. Na verdade era a mesma súplica das outras pessoas que teve a oportunidade de encontrar durante o dia.
Neste exato momento Osvaldo chegou a conclusão de que poderia mudar a situação específica deste mendigo, das pessoas da cidade K. e do orfanato, mas não poderia modificar a situação de todos os demais. Para se alterar toda a situação, precisaria de um exército de super-heróis.
O despertador toca alto e num susto Osvaldo acorda. Ainda deitado na cama relembra exatamente todo o sonho que teve, tentando solucionar o problema que lhe foi apresentado. Entretanto, agora que estava acordado, todos os seus medos, preconceitos, egoísmos, preguiça o impediam de prosseguir...............afinal, apenas os sonhos não tem fronteiras!......................?
Luís Augusto Bernini
(06.12.2010)